Month: May 2008 Page 1 of 3

10.000 visitas no eLe


Desde que comecei esse blog, por incentivo da Professora Raquel Balsalobre, que ministrou uma das disciplinas que cursei na PUC-SP como calouro, nunca pensei que o eLe (escrevo, Logo existo) chegaria aos 10.000 acessos. (Esses acessos começaram a ser contabilizados em fevereiro de 2007, mas o blog foi criado em agosto de 2006)

É engraçado perceber que pessoas, de diversos bairros de São Paulo, diversos estados do Brasil e países do Mundo, perderam alguns minutos da sua vida, lendo as “besteiras” que escrevo.

A idéia foi (e é) compartilhar alguns pensamentos, questionamentos, histórias, que vagueiam pela minha cabeça, excessivamente sensível, com todos aqueles que tenho (ou tive) algum contato pessoal.

Nesses quase 2 anos, enchi de crônicas, poesias, contos, histórias, notícias, fotos, dicas de CDs, Livros e pior, enviei DIARIAMENTE atualizações que entupiram a caixa postal dos meus amigos.

Por isso… esse obrigado pelos 10.000 acessos é para vocês!!! Que leram (não tudo, claro) os meus textos e puderam de alguma forma pensar, sofrer, torcer, se alegrar com algo.

Espero chegar um dia aos 100.000, depois aos 1.000.000… vai depender de vocês…hahahha

Um grande e forte abraço, pessoal para cada um.

(queria dar mesmo pessoalmente)

V@lter Hugo Muniz

Bate papo com José Salvador Faro sobre o jornalismo – Terceira parte

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Faro,Queria dizer um pouco do que penso sobre as suas “questões”.

1- São inúmeros os campos profissionais nos quais a competição acirra uma postura a-ética (diferente de anti-ética). A idéia de um profissionalismo a qualquer custo (desprovido de indagações de natureza social ou política) é um mito da sociedade contemporânea que tem sido sistematicamente cultivado ao lado de outros: eficiência, “isenção”, sucesso etc. Tudo sem ideologia, sem política…

Ok…. entendo e compartilho com você essa opinião de profissionalismo a-ético (que entendi como SEM ÉTICA e não contra a ética)… mas, acho que isso é muito claro. A sociedade contemporânea colocou a ética como “último item da lista de prioridades” no que diz respeito às outras necessidades citadas: eficiência, “isenção”, sucesso…

A minha pergunta é… o que vale mais, ser um grande jornalista (no plano da isenção, eficiência e tudo mais…) ou um cidadão preocupado com o ser humano, com o bem estar social? É possível ser os dois na sua visão?

Isso para mim entra muito em contato com a sua última ponderação, classificando como “trabalho – ou um exercício – comunitário “purificador” … frágil e, a médio prazo, inconseqüente”…. Concordo realmente com vc, se a sua visão sobre a minha proposta gire em torno de uma “simples atividade” como outra qualquer, com a finalidade de tranqüilizar a consciência a respeito da impossibilidade de “mudar o que é posto”. Porém, não é essa a minha proposta… Acredito que só o contato com os “diferentes mundos”, as “diferentes verdades, (ou fragmentos delas) o ser humano torna-se capaz de se transformar e consequentemente, transformar o seu trabalho.

A teoria é a base do pensamento… mas o pensamento não é matéria, não é ação e, se não é “encarnado”… morre, para dar lugar a outros, num ciclo aparentemente vazio e insuficiente.

O trabalho COM as comunidades (e não NAS comunidades) é uma maneira de FORÇAR-SE a sair de si mesmo… perdendo pré-conceitos, entendendo melhor a complexidade dos seres humanos e das relações sociais. É a mudança interior que essa experiência produz, o principal escopo de uma inserção em um trabalho comunitário…e não o trabalho em si e os frutos do mesmo….

Você sabe o quanto o contato PESSOAL com outras culturas, realidades, nos transforma (enriquece) como indivíduos. Se como ser humano, isso é já de uma riqueza imensurável, acredito que, para um jornalista é um acréscimo de “capital, tão ou mais importante que o “capital intelectual”, que ao meu ver só confere “status”, mas faz pouca Política.

No jornalismo, dada a sua dimensão pública, essa postura é mais evidente e tem conseqüências de dimensões imprevistas. Mas não devemos, segundo penso, dissociar o que acontece com ele do quadro mais geral de referências culturais “pós-modernas”. Não é uma questão da “natureza humana”, como se o “egocentrismo” fosse um pecado original. Nós não podemos naturalizar o pecado porque se o fizermos, condenamos a humanidade inteira, em todas as épocas, em todos os países;

Não acredito que seja possível condenar a humanidade, pois não vejo os erros passados com maniqueísmo. O que condeno são ações que não visam uma emancipação, que tenha a Sociedade como principal beneficiada. Acredito que a ética é justamente o “termômetro”, que também só se faz útil em uma sociedade em que os cidadãos são ouvidos.

Pessoalmente, acredito na força da formação humanística. É preciso erradicar essa idéia de que o jornalismo é uma profissão “técnica” através do redimensionamento do seu papel. E isso só é possível através de duas formas: a universidade e as próprias cobranças sociais para que a mídia cumpra, no limite do possível, seu papel de esfera pública íntegra;

Acho que nisso concordamos. Só não acho que é positivo receber uma formação extremamente intelectual, se não se aprende a colocá-la na prática. (ou até se aprende, mas pouco se experimenta)

No momento, penso que o prioritário é entender a lógica, as causas, as razões da realidade. É um grande passo.

Bom, Faro, admito que fiquei meio engasgado com a sua última frase, em relação a nossa grande prioridade. Dá pra entender as razões, a lógica e as causas da realidade lendo livros e discutindo em sala de aula???? Sem entrar em contato com os paradoxos sociais, sem ouvir as pessoas, entender seus dilemas (coisa que talvez faremos quando estivermos formados e empregados)???

Para mim parece uma grande ilusão… eu sou muito mais cidadão fruto desse contato com a realidade, dessas experiências com “o outro lado da cidade”, do que com o grande contingente (e contraditório) de ideologias (vazias) que a faculdade me dá.

Todos os teóricos que entrei em contato na PUC me ajudam muito a transformar a realidade em explicações formais,.mas são sempre explicações MIDIADAS (para mergulhar nas nossas discussões em aula) e, por isso, ineficientes. Não está na hora de construir uma nova TEORIA, que respeite também a importância da prática, para a adaptação da mesma às mudanças sociais?? O passado serve de Luz pra a construção do presente, mas não precisamos dar os nossos passos, tirar as nossas próprias conclusões, fruto das nossas experiências?

Perguntas … perguntas… difícil é responder todas elas né?
Grande abraço…

V@lter

Resposta:

v@alter,

Ótimos argumentos. Sugiro que a gente abra uma grande discussão sobre eles pq concordo com uns, discordo de outros, mas gostaria de poder me estender mais. E por email é difícil.

Vou encarregar vc dessa tarefa: na nossa próxima aula efetiva, isto é, dia 2 de junho, o tema será esse e é vc quem vai apresentar o problema e organizar o debate.

Abração

www.jsfaro.pro.br

Bate papo com José Salvador Faro sobre o jornalismo – Segunda parte

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Faro,

Escrevo só pra dizer que a carta publicada no meu blog teve quase 100 acessos em menos de uma semana. Percebi que realmente estão colocadas algumas questões que fazem parte de um universo amplo de perguntas “sem resposta”.Ontem, depois da aula, tive a tentação de escrever outra carta para você, mas achei que talvez devesse pensar mais, antes de dizer o que penso.

O filme (Leões e Cordeiros) me fez pensar realmente se a ética ainda move as atitudes do ser humano, do jornalista em especial, pois o ego passou a ser o principal foco que o Sistema busca alimentar, para ter em troca todo o “poder” que a posição da profissão nos confere.

Colocar o interesse público sobre o pessoal é uma opção cotidiana que começa no “jogar um papel incômodo no chão” a decidir se o que vai ser noticiado tem realmente princípios que não ferem a sociedade…

Mas como ir contra a nossa individualidade egoísta, hedonista, dentro do contexto liberal pós moderno e assim evidenciar valores fraternos e justos, se já na universidade não existe uma preocupação cidadã por parte dos jornalistas??

Fiquei pensando em materializar as minhas idéias sobre como propiciar essa tal formação “humana” para os candidatos à jornalista e concluí que só o contato (físico) com o mundo “além das perdizes” permitiria uma emancipação da visão enquadrada que encontramos nos “filhos da PUC” (ou da USP, Mackenzie… )

Acho que uma opção seria talvez uma disciplina prática em que fosse possível entrar em contato com alguma comunidade carente (de recursos financeiros, pois na maioria das vezes é só o dinheiro mesmo que falta para estes) e junto com eles, criar um jornal comunitário em que eles pudessem escrever e nós, aprendermos com eles, vivenciarmos essa experiência de “sair de nós mesmos”…

Sinceramente… eu toparia usar até minhas manhãs de sábado para realizar esse projeto… não sei os outros… mas claro, se fizesse parte das atividades do curso, sendo obrigados, todos fariam essa experiência, ao meu ver, proveitosa e inesquecível.

Você acha isso possível?

Bom… são só idéias…. sempre…

abraço
V@LTER…

acesse o blog – http://vartzlife.wordpress.com/

RESPOSTA:

V@lter,

Pondero com vc algumas questões:

1. São inúmeros os campos profissionais nos quais a competição acirra uma postura a-ética (diferente de anti-ética). A idéia de um profissionalismo a qualquer custo (desprovido de indagações de natureza social ou política) é um mito da sociedade contemporânea que tem sido sistematicamente cultivado ao lado de outros: eficiência, “isenção”, sucesso etc. Tudo sem ideologia, sem política…
2. No jornalismo, dada a sua dimensão pública, essa postura é mais evidente e tem conseqüências de dimensões imprevistas. Mas não devemos, segundo penso, dissociar o que acontece com ele do quadro mais geral de referências culturais “pós-modernas”. Não é uma questão da “natureza humana”, como se o “egocentrismo” fosse um pecado original. Nós não podemos naturalizar o pecado porque se o fizermos, condenamos a humanidade inteira, em todas as épocas, em todos os países;
3. Pessoalmente, acredito na força da formação humanística. É preciso erradicar essa idéia de que o jornalismo é uma profissão “técnica” através do redimensionamento do seu papel. E isso só é possível através de duas formas: a universidade e as próprias cobranças sociais para que a mídia cumpra, no limite do possível, seu papel de esfera pública íntegra;
4. Também fico tentado a pôr em prática soluções espontâneas e generosas, mas tenho dúvidas sobre a eficácia delas. A idéia de uma trabalho – ou um exercício – comunitário “purificador” me parece frágil e, a médio prazo, inconseqüente. Mas também não me agrada ficar esperando que alguma epifania me diga o que fazer. No momento, penso que o prioritário é entender a lógica, as causas, as razões da realidade. É um grande passo.

Ponha essa discussão no blog e vamos ampliá-la em aula.
Bom feriado

Faro

Primeira parte: http://vartzlife.wordpress.com/2008/05/16/carta-ao-professor-faro-puc-sobre-o-jornalismo/

O respiro de Glauco

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Glauco começou a fumar com 12 anos. Pra fazer média com os amigos da escola, é claro, porque já tinha consciência suficiente pra saber que o cigarro era algo prejudicial pra sua saúde. Mas, como pré-adolescente ta sempre procurando aventuras, nem ligou pra nóia típica de adulto chato e careta.

Com 14 anos começou a jogar bola na categoria infantil. Até que era bom, nenhum Robinho da vida, mas tinha habilidade e um chute forte. Só que já ali, o poder do tabaco começou a fazer efeito. Não agüentava jogar os três tempos e isso o fez perder a artilharia do campeonato, tão sonhada, para um magricela da escola rival.

Tirando esse percalço, Glauco até que tinha uma vida normal. Ia bem na escola, saía com os amigos, só perdia mesmo na corrida. Até que entrou na USP e conheceu a Carolina. Morena do sorriso encantador, um pouco mais baixa que ele. Demorou seis meses pra se aproximar dela e quando conseguiu, descobriu que ela tinha aversão a cigarro.

Fez de tudo para parar de fumar. Tentou chiclete, adesivo e até terapia, mas era tarde, já estava viciado. Passou os quatro anos amargando uma desilusão que beirava o desespero. Olhava para Carolina e a desejava sempre, mas, o cigarro era “ciumento”.
Porém a frustração durou até conhecer a Joana, que fumava dois maços por dia e de companheira de tragos, passou a ser sua esposa.

Tiveram filhos normais, sem problemas respiratórios, mas Glauco nunca agüentava brincar mais de meia hora com os meninos. Com as leis que limitavam a presença do fumo em lugares públicos, passou a se isolar em casa, não saía mais, pois não dava pra ficar sem cigarro.

Com 55 anos, descobriu um câncer no pulmão. Tinha uma enorme mancha preta no raio x e os médicos deram mais 2 ou 3 anos de vida, e só. Os anos passaram, a saúde foi piorando e logo ele não conseguia mais sair da cama.

Via seus filhos o olharem apreensivos, ainda meninos. A esposa havia morrido há dois anos. Mas agora era a sua hora e o desespero de pensar com quem as crianças ficariam, ocasionou uma falta de ar, a última, percebida com um “bip” contínuo e com o choro estridente dos meninos que, de agora em diante, teriam que respirar sem a presença dos pais.

*respiração (in italiano)

Infinito recomeçar

infinito

Infinita vezes pedi desculpas por não corresponder
as expectativas dos meus interlocutores.
Amigos,
Amores
E sobrou um indesejável vazio.

Infinita vezes pedi perdão por não saber
ser delicado com o próximo,
Grosso
Enfático
E sobrou um constante descontentamento.

Infinita vezes me arrependi de ser
mais eu do que me esforcei pra ser amor,
E tudo virou dissabor,
Tristeza,
As vezes rancor,
E sobrou uma sutil vontade de desistir

E, finalmente, infinita vezes tive
que assumir meus erros e recomeçar,
Não deixar de lutar,
Se eu quisesse crescer,
Sem parar de amar.
E sobrou a sensação de que nada está completamente perdido.

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