seu_joao

Estava eu caminhando entra as ensurdecedoras boates que rodam a cidade dos arranha-céus, procurando encontrar vestígios do amigo que havia conhecido na noite anterior, quando me dei conta que seria uma empresa impossível.

Aquela noite sentado com ela, ao lado do edifício onde ela estava pousando… de conversa boa, surpresas, me apareceu o tal do seu Jão, “trêbado” de cachaça, ligeiramente bem vestido.

Pediu dinheiro, mas dissemos logo que não tínhamos. Começou a contar muitas coisas e eu, interessado nele, não por curiosidade, mas por pensar que tantas pessoas poderiam tê-lo encontrado, mas nem se deram ao luxo de olhá-lo nos olhos, puxei conversa.

Contou-nos de sua família, perguntou se ela era a minha esposa e relatou “causos” de sua vida, procurando sempre deixar claro que ele era um homem de valores, que poderia até nos matar, mas que seus princípios não permitiriam.

Seu jão sentou-se conosco, elogiava sempre ela e as vezes era difícil conter o cuspe incontrolável que só a embriaguez permite.

Ficamos lá, horas conversando com o Seu Jão, sem sequer repudiá-lo, sem sentir qualquer espécie de medo, pois o nosso Deus sempre deu preferência para os marginalizados, os excluídos, os que sofrem e estávamos lá, escutando, conversando.

Lembrar-me do seu Jão me deu uma alegria salvadora. As coisas ultimamente perderam um pouco sentido, até mesmo os relacionamentos, pois parece que a nuvem escura que cobre a minha cidade, penetra também nas almas das pessoas que encontro.

Contudo, o amor, AMOR, expresso no mais delicado desejo de viver por cada um, sem resquícios dos relacionamentos anteriores, me impulsiona a não perder tempo com as dificuldades, os meus limites e o meu medo de falir.