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Dentre as coisas que mais lamento ter perdido com o passar do tempo, talvez a maior delas seja a pureza de coração, que nada tem a ver com a ingenuidade ou o desconhecimento do mal, mas sim um olhar mais refinado em direção ao mundo e as pessoas. Sofro por ver-me condicionado, intencionado a sentir, ou melhor, externar tudo àquilo que meu inconsciente é bombardeado cotidianamente.

Com Freud quis entender se existem possibilidades de apagar “arquivos” guardados na área inacessível do cérebro humano, mas fiquei sem respostas convincentes. Porém, essa dor de não poder olhar “disviciadamente” para as pessoas… Ter gestos, olhares, palavras que não sejam um esforço de ver o Bem (e o Bom) do outro, mas fazê-los naturalmente.

Agora sim me dou conta do quanto é difícil ser adulto, o quanto é difícil estar carregado de traumas, vícios, ambos advindos da minha história pessoal. Nesses momentos eu me pergunto: o que salva? O que faz a esperança permanecer?

Fico com uma resposta aparentemente simples: Recomeçar. Aparentemente, pois sair de si, para ir heroicamente contra a própria natureza, é contrariar profundamente os paradigmas atuais da sociedade; e simples porque não exige uma reflexão refinada, mais um esforço interior pessoal, uma vontade de ser sempre “um pouco melhor” para poder fazer as pessoas que estão à nossa volta e que encontramos casualmente, mais felizes.