Neo-liberdade

Nasci em um mundo feito de paradoxos delineáveis em que jovens como eu, como você, procuramos TODOS uma coisa em comum: A Felicidade. Ser feliz é uma busca que nós faz sermos realmente iguais. São somente os conceitos de felicidade e os diferentes modos de alcançá-la que nos diferencia.

Desde que comecei a “andar com as minhas pernas”, tomando minhas decisões de forma consciente, tenho percebido diferentes buscas, algumas padronizadas, outras ainda ocultas. A liberdade de escolher o que quisermos me deu sempre a certeza de que a minha vida é aquele papel em branco em que tenho os lápis de cor para colori-lo do modo que eu mesmo entender. Porém o conceito contemporâneo desse “ser livre” vem sendo deturpado através de uma singela escravidão de si mesmo, baseada em satisfações pessoais, proposta pelo mundo Capitalista e enaltecida pelos meios de comunicação.

Vendo meus colegas, observando essa busca desenfreada por uma felicidade individualista, egoísta e, sobretudo, percebendo rostos cada vez menos sorridentes, jovens cada vez menos resolvidos com si mesmos e mais preocupados com o que “os outros” vão achar, comecei a me questionar sobre essa tal liberdade.

Assim passei a entender que sozinhos jamais seremos capazes de nos libertar radicalmente dessa escravidão e que liberdade “não significa tanto a possibilidade de escolher entre o bem e o mal”, pois esses têm se tornado conceitos cada vez mais relativos na nossa sociedade, mas é algo que nos leva a um contínuo caminhar rumo ao bem.

A partir disso, vi que para sentir profundamente a liberdade é preciso amar, pois aquilo que nos torna mais escravos é o nosso eu. Ao passo que, pensando sempre no outro, ou naquilo que o nosso coração ou a consciência nos diz profundamente, não pensamos em nós e somos livres de nós mesmos.

Fomos chamados para a liberdade, mas quase sempre essa liberdade se realiza quando fazemos algo para quem está ao nosso lado. Esse é o paradoxo do amor: somos livres quando por amor nos colocamos a serviço dos outros; quando, contrariando os impulsos egoístas, nos esquecemos de nós mesmos e estamos atentos às necessidades dos outros. Esse amar muitas vezes é perder, perder-se, pela felicidade do outro, que em contrapartida, nos presenteia muitas vezes com sorrisos que justificam a nossa existência.