Somos assassinos

Ligo a TV me assusto com aquilo que o mundo virtual quer me impor… São muitos watts de informação mastigada, superficial e sem escrúpulos.

O episódio do assassinato do menino, brutalmente arrastado por quase 10kms. é um exemplo fresco.

Assistindo o Fantástico ontem, senti certo repúdio no modo como os meios de comunicação dramatizam um acontecimento tão sério, um problema crônico.

Apontar um culpado, incriminar de forma revoltosa os adolescentes que praticaram o roubo que resultou na morte do menino de 6 anos é simplificar a realidade que existe e assola o Brasil há muito tempo.

Ninguém se sente assassino por estar omisso e passivo em relação à pobreza, a desigualdade social, que para muitos, meia dúzia de assistencialismos resolvem o problema e acalmam a alma de quem os pratica.

Certamente esses adolescentes pagarão com as suas vidas pela morte desse garoto… serão talvez estuprados, massacrados, pelo horrendo ato que cometeram, mas NADA vai trazer de volta a vida daquele menino e a alegria da sua família.

Andando pelas ruas do centro de São Paulo, no caminho para o meu trabalho, vejo ao menos uma meia dúzia de mendigos, bêbados, deitados e jogados pelo chão… porém o que mais me incomoda são as crianças… imundas, esparramadas pelas calçadas, como lixo.

Essas crianças sem futuro, sem oportunidades, sem pais, certamente não se importam em perder sua liberdade e suas vidas, porque nunca tiveram nada. Elas crescem banalizadas, refugo social, mas procuram seu espaço, que é sempre negado pela nossa postura egoísta, omissa e passiva.

A culpa é desses meninos?? Não… é minha.